Em torno da aldeia portuguesa

artimanhas antifascistas do Neo-Realismo literário a partir do conto “Campaniça”, de Manuel da Fonseca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1411

Palavras-chave:

Neo-Realismo, Salazarismo, Manuel da Fonseca, Sociologia da Cultura

Resumo

O presente artigo propõe realizar uma série de reflexões sobre a estrutura e a forma do conto “Campaniça” (1940), de Manuel da Fonseca, confrontando-o com o contexto sociopolítico em que foi escrito. A pequena hipótese explorada é a de que, tanto no plano da mensagem, quanto no da forma, o autor produz uma antítese, uma antípoda, um contradiscurso sólido e organizado, que em tudo se contrapõe ao discurso oficial, produzido pelo regime salazarista por meio do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), encabeçado por António Ferro no que diz respeito à vida no campo, nas aldeias. Para efetivar essa análise contrastiva, toma-se como caso arquetípico da narrativa oficial salazarista o concurso “A aldeia mais portuguesa de Portugal”, promovido pelo órgão.

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Biografia do Autor

Weslei Estradiote Rodrigues, Universidade de São Paulo

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (PPGS-USP), Mestre em Antropologia Social (PPGAS-USP) e Bacharel em Ciências Sociais pela mesma instituição (FFLCH-USP). Pesquisador Visitante do Centro de Investigações e Estudos Sociais do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) entre 2018 e 2019.

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Publicado

2025-03-09

Como Citar

RODRIGUES, W. E. (2025). Em torno da aldeia portuguesa: artimanhas antifascistas do Neo-Realismo literário a partir do conto “Campaniça”, de Manuel da Fonseca. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 21(XXI), 344–362. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1411