Hokum Blues

apontamentos históricos e analíticos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v22i1.1413

Palavras-chave:

Hokum blues, It’s tight like that, erotismo, semiologia musical, análise musemática

Resumo

neste artigo, abordamos o Hokum blues, estilo musical afro-americano caracterizado pela deliberada malícia e humor que, apesar de fenômeno comercial e cultural nas décadas de 1920 e 1930, nunca recebeu atenção devida por parte da bibliografia tradicional do blues. Duas críticas são recorrentes ao considerarem esse gênero: a de que não se figuraria como blues autêntico e sim como produto criado pela nascente e já inescrupulosa indústria musical; e que não traria consigo qualquer lastro folclórico pré-industrial e ou elementos característicos que o configurariam como manifestação musical e cultural genuína da tradição afro-americana. O objetivo aqui, portanto, é apresentar uma investigação refutatória e fundamentada para essas narrativas. Para tanto, baseamos este texto no arcabouço teórico-metodológico da Semiologia Musical, lançando mão de conceitos e ferramentas analíticas como o “modelo tripartite” de Jean-Jacques Nattiez e a “análise musemática” de Phillip Tagg, em diálogo transdisciplinar sobretudo com a História e Etnomusicologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antenor Ferreira, Universidade de Brasília - UnB

Pós-Doutorado pela Universidad de Granada, 2019 (bolsa Fundación Carolina y Grupo Tordesillas). Pós-Doutorado pela University of California, Riverside, 2014 (bolsa CAPES). Doutorado em música pela ECA-USP, 2009 (bolsa CAPES). Mestrado em música pela UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho  e Bacharelado em Música, Habilitação em Composição e Regência, pela UNESP . Professor Associado III da UnB - Universidade de Brasília. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UnB, Linha de Pesquisa Are e Tecnologia. Possui bolsa produtividade, nivel PQ2, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq.

Alexandre Rocha, Universidade de Brasília - UnB

Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (1997); em Antropologia pela Universidade de Brasília (2019), cuja monografia recebeu "menção honrosa" no Prêmio Martin Novión do depto de Antropologia da UnB e está no prelo em forma de livro, agraciado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), do Governo do Distrito Federal; mestrado em Musicologia, também pela Universidade de Brasília  e cuja dissertação concorreu ao Prêmio de Melhores Dissertações e Teses da UnB; e atualmente cursa o doutorado em Sociologia, igualmente pela UnB, além de formação para registro de Radialista pela Televisão Educativa do Estado do Ceará (1984).

Referências

ABBOTT, Lynn e SEROFF, Doug. The Original Blues: The Emergence of the Blues in African American Vaudeville. USA: University Press of Mississippi, 2017.

ADORNO. T. “Sobre música popular”. In: Gabriel Cohn, (org.), Theodor W. Adorno. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1986.

BARLOW, William. The Emergence of Blues Culture. USA: Temple University Press, 1989.

BERENDT, Joachim E. O Livro do Jazz. São Paulo: Perspectiva, 1975.

BLACKING, John. “Some Problems of Theory and Method in the Study of Musical Change”, In: Yearbook of the International Folk Music Council, vol. 9: 1-26, 1979. DOI: https://doi.org/10.2307/767289

BLESH, Rudi. Shining Trumpets: A History of Jazz. New York: Alfred A. Knopf, 1949.

BLESH, Rudi. Combo: oito estórias do jazz. São Paulo: Cultrix, 1971.

BOLCOM, William. “Ragtime”. In: OLIVER, Paul; HARRISON, Max; BOLCOM, William. Gospel, Blues e Jazz. São Paulo: L&PM, 1990.

BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco zero, 1983.

BRAGANÇA, Guilherme Francisco Furtado. A sinestesia e a construção de significado musical. Belo Horizonte: Dissertação de mestrado: UFMG, 2008.

CALT, Stephen. Barrelhouse Words. USA: University of Illinois Press, 2009.

CAPONI, Gena Dagel. Signifyin(g), Sanctifyin', and Slam Dunking: A Reader in African American Expressive Culture. USA: University of Massachusetts Press, 1999.

CASONI, Christian. Juke: 110 portraits de bluesman. França: Le Mot et le reste, 2020.

CHARTERS, Samuel B. The Country Blues. New York: Da Capo Press, 1959.

CHASE, Gilbert. Do Salmo ao Jazz. Rio de Janeiro: Globo, 1957.

CURTIS, Bruce. “‘Daddy-callin’ Mamas’ and ‘Jelly Beans’: sex work and ribaldry in the Blues archive”. In: Popular Music, Volume 40, December 2021, pp.492-508. DOI: https://doi.org/10.1017/S0261143021000556

DAVIS, Francis. The History of the Blues. New York: Da Capo Press, 2003.

DEVI, Debra. The Language of the Blues. USA: True Nature Books, 2012.

ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2001.

GOIA, Ted. Delta Blues. USA: W. W. Norton & Company, 2009.

HAMILTON, Marybeth. In The Search of The Blues. USA: Basic Books, 2009.

HARRIS, Michael. The Rise of the Gospel Blues. USA: Oxford University Press, 1992.

HERZHAFT, Gérard. Blues. Campinas: Papirus, 1986.

HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

HUMPHREY, Mark A. “Luzes Brilhantes na Cidade Grande: o Blues Urbano”. In: Coleção Mestres do Blues. Barcelona: Altaya, 1993.

JONES, Le Roi. Blues People. London: Macgibbon and Kee, 1965.

KEIL, Charles. Urban Blues. USA: University of Chicago Press, 1966.

KOMARA, Edward [ed.]. Encyclopedia of the Blues. USA: Routledge, 2005. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203490938-675

LEME, Mônica Neves. Que Tchan é Esse? indústria e produção musical no Brasil dos anos 90. São Paulo: Annablume, 2003.

LOMAX, John A. Cowboy Songs and Other Frontier Ballads. USA: Collier Books, 1938.

MARSHAL, Wolf. Encyclopedia of the Blues. USA: Routledge, 2005.

MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas". In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

MOLINO, Jean. “Facto musical e semiologia da música”. In: Semiologia da Música (J.J. Nattiez, U. Eco, N. Ruwet, J. Molino, org. Maria Alzira Seixo). Lisboa: Ed. Vega, s.d.

MUGGIATI, Roberto. Blues - Da Lama à Fama. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

MURRAY, Albert. Stomping The Blues. University of Minnesota Press, 2017. DOI: https://doi.org/10.5749/j.ctt1z27hs0

NAPOLITANO, Marcos. História & música – história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

NATTIEZ, Jean-Jacques. Music and Discourse. USA: Princeton University Press, 1990.

NATTIEZ, Jean-Jacques. “Etnomusicologia e significações musicais”. In: Per Musi. Belo Horizonte, n.10, 2004, p. 5-30.

http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/10/num10_cap_01.pdf. Acesso 02/2024. DOI: https://doi.org/10.15210/rps.v10i02.28355

NATTIEZ, Jean-Jacques. “O Modelo Tripartite de Semiologia Musical” (1989). http://seer.unirio.br/index.php/revistadebates/article/viewFile/4049/3701. Acesso 02/2024.

O’NEAL, Jim. “Thomas A. Dorsey,” In: The Voice of the Blues: Classic Interviews from “Living Blues” Magazine, ed. O’ NEAL, Jim e SINGEL. New York: Routledge, 1975.

OAKLEY, Giles. The Devil's Music, 2ª ed. Nova York: DaCapo Press, 1997.

OBRECHT, Jas. Early Blues. USA: University of Minnesota Press, 2015.

ODUM, Howard e JOHNSON, Guy B. The Negro and His Songs: A Study of Typical Negro Songs in the South. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1925.

ODUM, Howard W. Negro Workaday Songs. USA: Library of Wellesley College, 1926.

OLIVER, Paul. Screening the Blues. Nova York: Da Capo, 1967.

OLIVER, Paul. The Meaning of the Blues. USA: Collier Books, 1960.

OLIVER, Paul. The Story of the Blues. Philadelphia: Chilton Book Co., 1960.

OLIVER, Paul. “Blues” e “Gospel”. In: OLIVER, Paul; HARRISON, Max; BOLCOM, William. Gospel, Blues e Jazz. São Paulo: L&PM, 1990.

ROCHA, Alexandre. Hokum Blues: erotismo e humor em uma vertente musical silenciada. Dissertação de Mestrado defendida no PPG em música da UnB, Brasília, 2022.

ROWE, Mike. Chicago Blues: The City & the Music. USA: Da Capo Press, 1981.

ROWE, Mike. Chicago Breakdown. New York: Da Capo Press, 1979.

SCHWARTZ, Roberta Freund. “How Blue Can You Get? ‘It's Tight Like That’ and the Hokum Blues”. In: American Music, no. 3, 2018, p. 367-393. muse.jhu.edu/article/710715. DOI: https://doi.org/10.5406/americanmusic.36.3.0367

SCHWARTZ, Roberta Freund. How Britain Got the Blues. USA: Routledge, 2007.

SEEGER, Charles. “On the moods of a music-logic”. In: Journal of the American Musicological Society, XXII (1960). Reprinted In: Studies in Musicology 1935‐1975; Berkeley: University of California Press (1977: 64‐88). DOI: https://doi.org/10.1525/9780520417120-007

SOTIROPOULOS, Karen. Staging Race. USA: Harvard University Press, 2006. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674043879

STEARNS, Marshall. A História do Jazz. São Paulo: Livraria Martins, 1964.

TAGG, Philip. “Análise musical para ‘não-musos’: a percepção popular”. In: Per Musi, Belo Horizonte, n.23, 2011, p.7-18. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-75992011000100002

TAGG, Philip. Music’s Meanings: A Modern Musicology for Non‐Musos. New York & Huddersfield: The Mass Media Music Scholars’ Press, Inc., 2013.

TITON, Jeff T. “Knowing Fieldwork”. In Shadows in the Field: New Perspectives for Fieldwork in Ethnomusicology. New York: Oxford University Press, 1997. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780195109108.003.0005

ULANOV, Barry. A História do Jazz. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957.

WALD, Elijah. Escaping the Delta. USA; Amistad, 2004.

WALD, Elijah. The Dozens. USA: Oxford University Press, 2012.

WHITE, Newman Ivey. American Negro Folk Songs USA: Literary Licensing, 1928.

Downloads

Publicado

2025-07-14

Como Citar

FERREIRA, A., & ROCHA, A. E. (2025). Hokum Blues: apontamentos históricos e analíticos. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 22(1), 388–422. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v22i1.1413