Hokum Blues
apontamentos históricos e analíticos
DOI:
https://doi.org/10.35355/revistafenix.v22i1.1413Palavras-chave:
Hokum blues, It’s tight like that, erotismo, semiologia musical, análise musemáticaResumo
neste artigo, abordamos o Hokum blues, estilo musical afro-americano caracterizado pela deliberada malícia e humor que, apesar de fenômeno comercial e cultural nas décadas de 1920 e 1930, nunca recebeu atenção devida por parte da bibliografia tradicional do blues. Duas críticas são recorrentes ao considerarem esse gênero: a de que não se figuraria como blues autêntico e sim como produto criado pela nascente e já inescrupulosa indústria musical; e que não traria consigo qualquer lastro folclórico pré-industrial e ou elementos característicos que o configurariam como manifestação musical e cultural genuína da tradição afro-americana. O objetivo aqui, portanto, é apresentar uma investigação refutatória e fundamentada para essas narrativas. Para tanto, baseamos este texto no arcabouço teórico-metodológico da Semiologia Musical, lançando mão de conceitos e ferramentas analíticas como o “modelo tripartite” de Jean-Jacques Nattiez e a “análise musemática” de Phillip Tagg, em diálogo transdisciplinar sobretudo com a História e Etnomusicologia.
Downloads
Referências
ABBOTT, Lynn e SEROFF, Doug. The Original Blues: The Emergence of the Blues in African American Vaudeville. USA: University Press of Mississippi, 2017.
ADORNO. T. “Sobre música popular”. In: Gabriel Cohn, (org.), Theodor W. Adorno. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática, 1986.
BARLOW, William. The Emergence of Blues Culture. USA: Temple University Press, 1989.
BERENDT, Joachim E. O Livro do Jazz. São Paulo: Perspectiva, 1975.
BLACKING, John. “Some Problems of Theory and Method in the Study of Musical Change”, In: Yearbook of the International Folk Music Council, vol. 9: 1-26, 1979. DOI: https://doi.org/10.2307/767289
BLESH, Rudi. Shining Trumpets: A History of Jazz. New York: Alfred A. Knopf, 1949.
BLESH, Rudi. Combo: oito estórias do jazz. São Paulo: Cultrix, 1971.
BOLCOM, William. “Ragtime”. In: OLIVER, Paul; HARRISON, Max; BOLCOM, William. Gospel, Blues e Jazz. São Paulo: L&PM, 1990.
BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco zero, 1983.
BRAGANÇA, Guilherme Francisco Furtado. A sinestesia e a construção de significado musical. Belo Horizonte: Dissertação de mestrado: UFMG, 2008.
CALT, Stephen. Barrelhouse Words. USA: University of Illinois Press, 2009.
CAPONI, Gena Dagel. Signifyin(g), Sanctifyin', and Slam Dunking: A Reader in African American Expressive Culture. USA: University of Massachusetts Press, 1999.
CASONI, Christian. Juke: 110 portraits de bluesman. França: Le Mot et le reste, 2020.
CHARTERS, Samuel B. The Country Blues. New York: Da Capo Press, 1959.
CHASE, Gilbert. Do Salmo ao Jazz. Rio de Janeiro: Globo, 1957.
CURTIS, Bruce. “‘Daddy-callin’ Mamas’ and ‘Jelly Beans’: sex work and ribaldry in the Blues archive”. In: Popular Music, Volume 40, December 2021, pp.492-508. DOI: https://doi.org/10.1017/S0261143021000556
DAVIS, Francis. The History of the Blues. New York: Da Capo Press, 2003.
DEVI, Debra. The Language of the Blues. USA: True Nature Books, 2012.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2001.
GOIA, Ted. Delta Blues. USA: W. W. Norton & Company, 2009.
HAMILTON, Marybeth. In The Search of The Blues. USA: Basic Books, 2009.
HARRIS, Michael. The Rise of the Gospel Blues. USA: Oxford University Press, 1992.
HERZHAFT, Gérard. Blues. Campinas: Papirus, 1986.
HOBSBAWM, Eric J. História Social do Jazz. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
HUMPHREY, Mark A. “Luzes Brilhantes na Cidade Grande: o Blues Urbano”. In: Coleção Mestres do Blues. Barcelona: Altaya, 1993.
JONES, Le Roi. Blues People. London: Macgibbon and Kee, 1965.
KEIL, Charles. Urban Blues. USA: University of Chicago Press, 1966.
KOMARA, Edward [ed.]. Encyclopedia of the Blues. USA: Routledge, 2005. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203490938-675
LEME, Mônica Neves. Que Tchan é Esse? indústria e produção musical no Brasil dos anos 90. São Paulo: Annablume, 2003.
LOMAX, John A. Cowboy Songs and Other Frontier Ballads. USA: Collier Books, 1938.
MARSHAL, Wolf. Encyclopedia of the Blues. USA: Routledge, 2005.
MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas". In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
MOLINO, Jean. “Facto musical e semiologia da música”. In: Semiologia da Música (J.J. Nattiez, U. Eco, N. Ruwet, J. Molino, org. Maria Alzira Seixo). Lisboa: Ed. Vega, s.d.
MUGGIATI, Roberto. Blues - Da Lama à Fama. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
MURRAY, Albert. Stomping The Blues. University of Minnesota Press, 2017. DOI: https://doi.org/10.5749/j.ctt1z27hs0
NAPOLITANO, Marcos. História & música – história cultural da música popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
NATTIEZ, Jean-Jacques. Music and Discourse. USA: Princeton University Press, 1990.
NATTIEZ, Jean-Jacques. “Etnomusicologia e significações musicais”. In: Per Musi. Belo Horizonte, n.10, 2004, p. 5-30.
http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/10/num10_cap_01.pdf. Acesso 02/2024. DOI: https://doi.org/10.15210/rps.v10i02.28355
NATTIEZ, Jean-Jacques. “O Modelo Tripartite de Semiologia Musical” (1989). http://seer.unirio.br/index.php/revistadebates/article/viewFile/4049/3701. Acesso 02/2024.
O’NEAL, Jim. “Thomas A. Dorsey,” In: The Voice of the Blues: Classic Interviews from “Living Blues” Magazine, ed. O’ NEAL, Jim e SINGEL. New York: Routledge, 1975.
OAKLEY, Giles. The Devil's Music, 2ª ed. Nova York: DaCapo Press, 1997.
OBRECHT, Jas. Early Blues. USA: University of Minnesota Press, 2015.
ODUM, Howard e JOHNSON, Guy B. The Negro and His Songs: A Study of Typical Negro Songs in the South. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1925.
ODUM, Howard W. Negro Workaday Songs. USA: Library of Wellesley College, 1926.
OLIVER, Paul. Screening the Blues. Nova York: Da Capo, 1967.
OLIVER, Paul. The Meaning of the Blues. USA: Collier Books, 1960.
OLIVER, Paul. The Story of the Blues. Philadelphia: Chilton Book Co., 1960.
OLIVER, Paul. “Blues” e “Gospel”. In: OLIVER, Paul; HARRISON, Max; BOLCOM, William. Gospel, Blues e Jazz. São Paulo: L&PM, 1990.
ROCHA, Alexandre. Hokum Blues: erotismo e humor em uma vertente musical silenciada. Dissertação de Mestrado defendida no PPG em música da UnB, Brasília, 2022.
ROWE, Mike. Chicago Blues: The City & the Music. USA: Da Capo Press, 1981.
ROWE, Mike. Chicago Breakdown. New York: Da Capo Press, 1979.
SCHWARTZ, Roberta Freund. “How Blue Can You Get? ‘It's Tight Like That’ and the Hokum Blues”. In: American Music, no. 3, 2018, p. 367-393. muse.jhu.edu/article/710715. DOI: https://doi.org/10.5406/americanmusic.36.3.0367
SCHWARTZ, Roberta Freund. How Britain Got the Blues. USA: Routledge, 2007.
SEEGER, Charles. “On the moods of a music-logic”. In: Journal of the American Musicological Society, XXII (1960). Reprinted In: Studies in Musicology 1935‐1975; Berkeley: University of California Press (1977: 64‐88). DOI: https://doi.org/10.1525/9780520417120-007
SOTIROPOULOS, Karen. Staging Race. USA: Harvard University Press, 2006. DOI: https://doi.org/10.4159/9780674043879
STEARNS, Marshall. A História do Jazz. São Paulo: Livraria Martins, 1964.
TAGG, Philip. “Análise musical para ‘não-musos’: a percepção popular”. In: Per Musi, Belo Horizonte, n.23, 2011, p.7-18. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-75992011000100002
TAGG, Philip. Music’s Meanings: A Modern Musicology for Non‐Musos. New York & Huddersfield: The Mass Media Music Scholars’ Press, Inc., 2013.
TITON, Jeff T. “Knowing Fieldwork”. In Shadows in the Field: New Perspectives for Fieldwork in Ethnomusicology. New York: Oxford University Press, 1997. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780195109108.003.0005
ULANOV, Barry. A História do Jazz. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1957.
WALD, Elijah. Escaping the Delta. USA; Amistad, 2004.
WALD, Elijah. The Dozens. USA: Oxford University Press, 2012.
WHITE, Newman Ivey. American Negro Folk Songs USA: Literary Licensing, 1928.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Fênix - Revista de História e Estudos Culturais

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Direitos Autorais para artigos publicados neste periódico são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma licença Creative Commons (CC BY-NC-ND 4.0). Em virtude de os artigos serem publicados nesta revista de acesso público, eles são de uso gratuito, com atribuições próprias, não-comerciais.












