Vestir-se de flor

os trajes das rainhas das rosas de Barbacena, MG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v22i1.1447

Palavras-chave:

Trajes, Rainha das Rosas e Flores, Barbacena, Gênero

Resumo

Este artigo analisa os trajes usados por mulheres que competiram no concurso Rainha das Rosas e Flores em Barbacena, Minas Gerais, desde 1968. A pesquisa teve como objetivo investigar os códigos simbólicos em uma perspectiva de gênero dos elementos visuais que configuram esses trajes. Utilizou uma abordagem quantitativa-qualitativa, em que foi realizada uma leitura semiótica de 46 imagens abrangendo os anos de 1968-2022. Os principais resultados incluem: I) identificação de elementos tradicionais do vestuário como símbolos associados à figura feminina; II) a criação de sentido sexualizado em vestimentas que moldam corpos; III) expressão de papéis de gênero por meio de elementos, gestos e ornamentações; IV) tentativas de reconfiguração e simplificação dos trajes típicos; V) possível ampliação da participação de determinadas mulheres na vida social de uma cidade do interior.

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Biografia do Autor

Glauber Soares Junior, Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG / Universidade Federal de Viçosa - UFV

Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania, do Departamento de História (DHI) da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Professor do curso de Bacharelado em Design (desde 2024) na Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade Acadêmica de Ubá (UEMG, Ubá). Possui o título de Doutor pelo programa de Pós-Graduação em Processos e Manifestações Culturais (Interdisciplinar em Sociais e Humanidades) na Universidade Feevale, focalizando na linha de pesquisa Memória e Identidade. Mestre em Economia Doméstica no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal de Viçosa (PPGED/UFV). Membro do grupo de pesquisa História da Arte, Indumentária e Moda: Interações e Abordagens Teórico-Metodológicas, associado a Universidade Feevale. Entre 2021 e inicio de 2023, colaborou como editor adjunto do periódico Oikos: Família e Sociedade em Debate, associado ao Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. Possui interesse nas áreas de: Design de Moda; Têxteis; Artesanato têxtil; Cultura material e Gênero. Desenvolve especialmente pesquisas interdisciplinares relacionadas a culturas regionais e locais.

Claudia Schemes, Universidade Feevale

Possui graduação em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (1987), mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo - USP (1996) e doutorado pela Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC (2006). Professora dos cursos de graduação de História e Moda e do Programa de Pós-Graduação em Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale (Novo Hamburgo/RS). Editora da Revista Prâksis. Autora dos livros Festas Cívicas e Esportivas: Um estudo comparativo dos governos Vargas e Perón (Ed. Feevale, 2005); Memória do Setor Coureiro-Calçadista: Pioneiros e Empreendedores do Vale do Rio dos Sinos (Ed. Feevale, 2003) entre outros. Atualmente desenvolve projetos de pesquisa na área de moda e design inclusivo para pessoas com deficiência visual.

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Publicado

2025-07-14

Como Citar

JUNIOR, G. S., & SCHEMES, C. (2025). Vestir-se de flor: os trajes das rainhas das rosas de Barbacena, MG. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 22(1), 286–317. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v22i1.1447