O passado reconsagrado

catolicismo, patrimônio e nacionalidade durante a ditadura civil-militar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1576

Palavras-chave:

patrimônio, guerra fria, Catolicismos, temporalidade

Resumo

Após o golpe civil-militar de 1964, houve um planejamento estratégico para as políticas culturais, que deveriam demonstrar o alinhamento do Brasil ao “mundo livre” e a “civilização ocidental. No artigo, iremos observar as ações desenvolvidas pelo Conselho Federal de Cultura, órgão formado por intelectuais que deveriam incentivar o patriotismo, bem como demonstrar que as decisões dos dirigentes da nação estavam corretas ao combater os “subversivos”. Neste esforço, os valores e monumentos católicos tornaram-se referência para a identidade nacional, o que incluía o esforço para uma política patrimonial mais rigorosa bem como a defesa de um tratamento pedagógico do tempo histórico. Averiguamos como as concepções acerca do patrimônio histórico e artístico envolveram uma cosmovisão específica da religiosidade, de sociedade e de governo O faremos por meio do estudo da Revista Brasileira de Cultura, publicação periódica produzida pelo órgão.

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Biografia do Autor

Eduardo Gusmao de Quadros, Pontifícia Universidade Católica - PUC/GOIÁS

Doutorado em História pela Universidade de Brasília (2005). Pós-doutor pela PUC/Minas com pesquisa sobre o catolicismo e a ditadura civil-militar (2023). É professor da Pós-graduação Pontifícia Universidade Católica de Goiás e da Pós-graduação da Universidade Estadual de Goiás (PROMEP)

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Publicado

2025-03-09

Como Citar

QUADROS, E. G. (2025). O passado reconsagrado: catolicismo, patrimônio e nacionalidade durante a ditadura civil-militar. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 21(XXI), 125–143. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1576