Necropolíticas do confinamento

da operacionalização à patrimonialização do Campo de Concentração do Patu em Senador Pompeu/CE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1582

Palavras-chave:

campo de concentração, necropolítica, confinamento, patrimônio, seca de 1932

Resumo

O campo de concentração do Patu, instituído em meio à seca de 1932 e patrimonializado em 2019, permeia-se em necropolíticas ao operar-se em dualidades de vida-morte. Para investigar estas relações, este trabalho delineia-se em duas vias: no primeiro, retoma-se o caso a partir de documentos e pesquisas historiográficas a fim de articular o acontecimento a partir das referencialidades que o fundamentam para, assim, mirarmos o processo necropolítico em que o Estado maneja o campo de concentração como uma tecnologia para controle das pessoas tidas como flageladas; no segundo, investiga-se o marco patrimonial do Sítio Histórico do Campo do Patu como um dispositivo necropolítico ao legitimar uma perspectiva histórica e ao orientar-se em apagamentos de composições outras que recusam a elaboração normatizada pelo Estado. Com isso, este artigo discute a necropolítica dos confinamentos como um exercício de poder para contenção e controle da presença de pessoas, de performances e de histórias.

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Biografia do Autor

Daniel Paiva de Macêdo Júnior , Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Professor no Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Doutorando em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bolsista da CAPES e integrante do Núcleo de Estudos Tramas Comunicacionais: Narrativa e Experiência.

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Publicado

2025-03-09

Como Citar

MACÊDO, D. (2025). Necropolíticas do confinamento: da operacionalização à patrimonialização do Campo de Concentração do Patu em Senador Pompeu/CE. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 21(XXI), 144–165. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v21iXXI.1582