Estratégias biopolíticas e o massacre do Carandiru

poder da soberania sobre a morte e da regulamentação da vida

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v20i2.1231

Palavras-chave:

Carandiru, biopolítica, Foucault

Resumo

A proposta do presente artigo é problematizar as estratégias biopolíticas presentes nas intervenções governamentais ligadas ao massacre do Carandiru. O poder soberano que permitiu o assassinato de ao menos 111 confinados e a exibição de seus corpos, se entrelaça ao poder de regulamentação da vida, que determinou a demolição das edificações e a transferência dos corpos sobreviventes para outras unidades, e que ainda instituiu um local para a rememoração oficial da tragédia. Essas estratégias reguladoras estabelecem visibilidades e invisibilidades que atuam direta e/ou indiretamente sobre os corpos dos confinados.

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Biografia do Autor

Viviane Borges, Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Docente do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UDESC. Bolsista CNPq em Produtividade em Pesquisa (PQ-2)

Diego Nunes, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Docente do Departamento de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFSC.

 

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Publicado

2023-12-19

Como Citar

BORGES, V., & NUNES, D. (2023). Estratégias biopolíticas e o massacre do Carandiru: poder da soberania sobre a morte e da regulamentação da vida. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 20(2), 550–568. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v20i2.1231