NOSTALGIA, UTOPIA E REGENERAÇÃO
A IDADE MÉDIA DE CAMELOT 3000
DOI :
https://doi.org/10.35355/000006Mots-clés :
Idade Média, Histórias em quadrinhos, Thomas Malory, Camelot 3000Résumé
Este artigo discute a presença, na história em quadrinhos (HQ) Camelot 3000 (1983-85) de temas oriundos da literatura medieval, particularmente do romance de cavalaria Le Morte d’Arthur, de Thomas Malory, que a HQ em parte continua e em parte adapta. Busca-se demonstrar como as escolhas envolvidas nessa adaptação servem a um discurso duplamente alicerçado: de um lado, forças diabólicas oriundas do medievo se amalgamam aos problemas de um apocalíptico ano 3000, como campos de concentração e uso abusivo da ciência, de modo a constituírem um bloco maléfico claramente discernível; contrapõem-se a este, de outro lado, aspectos heróicos e miraculosos da Idade Média. Discute-se, então, como o discurso daí produzido apresenta, nostalgicamente, o retorno à Idade Média como solução para os males do presente, do qual o futuro distante da HQ não é mais que um espelho.
This article discusses the presence, in the comic book Camelot 3000 (1983-85), of themes from medieval literature, particularly from Thomas Malory’s chivalric romance Le Morte d’Arthur, which Camelot 3000 partly continues and partly adapts. The article argues that the choices involved in this adaptation serve a discourse which is doubly sustained: at one hand, diabolical forces from the Middle Ages amalgamate themselves with the problems of an apocalyptic year 3000, such as concentration camps and science abuse, constituting thereby a single and clearly discernible evil side; this is opposed, on another hand, by miraculous and heroic aspects from the Middle Ages. It is discussed, then, how the discourse thereby produced presents, nostalgically, the return to the Middle Ages as a solution for the evils of the present, of which Camelot 3000’s far future is no more than a mirror.
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